Um Brinde aos Vinhos Mineiros: A Excelência Reconhecida pelo Selo IP

Selo de Indicação de Procedência (IP) – Vinhos do Sul de Minas. Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Os vinhos mineiros vêm conquistando paladares cada vez mais refinados e se consolidando entre os melhores do Brasil. O mais recente reconhecimento desse crescimento é a conquista do Selo de Indicação de Procedência (IP) Vinhos do Sul de Minas, um marco importante para a vitivinicultura do estado.

O que é uma Indicação de Procedência (IP)?

Existem dois tipos de selos que certificam a origem e a qualidade de um produto: a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO), ambas reconhecidas como Indicação Geográfica (IG) pelo INPI. A IP atesta que uma região possui tradição e reputação na produção de determinado bem, enquanto a DO vai além, exigindo que as características do produto sejam diretamente influenciadas por fatores naturais, como clima e solo, ou por práticas específicas da região. O Selo IP Vinhos do Sul de Minas certifica a qualidade e autenticidade dos vinhos dessa área, garantindo sua identidade no mercado e protegendo sua exclusividade. Além disso, este é o primeiro selo de Indicação de Procedência concedido a vinhos na região Sudeste, um avanço significativo para a vitivinicultura brasileira.

A conquista desse reconhecimento envolveu um esforço conjunto de vinícolas locais, engenheiros agrônomos, enólogos e instituições de pesquisa, como a Embrapa, que realizaram estudos aprofundados sobre o terroir, a tradição e a qualidade dos vinhos locais. Esse trabalho criterioso resultou na delimitação de dez municípios: São João da Mata, Cordislândia, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações, Três Pontas, Campos Gerais, Boa Esperança, Bom Sucesso, Ibituruna e Ijaci.

Mas afinal, o que torna o terroir mineiro tão especial?

A vitivinicultura mineira é marcada por uma grande diversidade de microterroirs, influenciada por fatores como altitude (entre 850 e 1.300 metros), solos distintos e microclimas variados. Essas condições favorecem a produção de vinhos com perfis únicos, desde os mais frescos e elegantes até os encorpados e estruturados. Outro diferencial é a forte conexão com a gastronomia regional, onde o vinho se integra naturalmente à cultura dos cafés especiais e queijos artesanais premiados, agregando identidade e valor aos rótulos mineiros. Além disso, a técnica da dupla poda, que possibilita a colheita das uvas no inverno, contribui para maior sanidade e concentração aromática nos vinhos. Como destaca Marcelo José Grespan, gerente-executivo da Anprovin, “não existe apenas um terroir em Minas Gerais, mas sim diversos microterroirs com comportamentos distintos, capazes de criar vinhos ricos em complexidade, estrutura e aromas”.

Selo Vinhos de Inverno. Fonte: Anprovin.

Além do selo IP, outro reconhecimento importante para os produtores que utilizam a técnica da dupla poda é o Selo Vinhos de Inverno, gerido pela Anprovin (Associação

Nacional de Produtores de Vinhos de Inverno). Diferente do selo IP, que protege vinhos elaborados exclusivamente no Sul de Minas, o Selo Vinhos de Inverno pode ser concedido a rótulos de diversos estados, como São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Bahia, desde que sigam critérios rigorosos de produção. No entanto, não basta apenas colher as uvas no inverno para obter essa certificação. Os vinhos passam por um rigoroso processo de avaliação, que inclui análise do manejo no vinhedo, técnicas de vinificação e critérios sensoriais. Essa certificação reforça a credibilidade dos vinhos elaborados com a dupla poda, conferindo maior reconhecimento e competitividade no mercado.

Minas Gerais e a Ascensão dos Vinhos Finos

O avanço dos vinhos mineiros está diretamente ligado ao desenvolvimento da técnica da dupla poda, criada pela Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). Essa inovação permitiu transformar regiões de clima quente em áreas aptas para a produção de vinhos finos, invertendo o ciclo das videiras e direcionando a colheita para o inverno. O método, que nasceu em Minas Gerais, já se expandiu para outros estados, como São Paulo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal e Rio de Janeiro, consolidando o papel do estado como referência na vitivinicultura nacional.

Hoje, segundo dados do PAM-IBGE (2023), Minas Gerais conta com 176 hectares de vinhedos de inverno, uma produção que já ultrapassa 353 mil litros de vinho e 470 mil garrafas certificadas. O alinhamento entre terroir, inovação e rigor nos processos produtivos tem colocado os vinhos mineiros em destaque, conquistando prêmios e a preferência de consumidores exigentes.

O cenário é promissor: com a valorização das certificações e a busca contínua por excelência, Minas Gerais segue transformando seu potencial vitivinícola em rótulos que expressam identidade, qualidade e sofisticação. Se antes o Brasil olhava quase exclusivamente para o Sul quando o assunto era vinho, agora os holofotes se voltam para Minas Gerais – um novo protagonista no mapa da vitivinicultura brasileira.

Referências Bibliográficas

Anprovin. (2025). Selo Vinhos de Inverno: Qualidade e identidade dos vinhos de inverno no Brasil. Acesso em 26 de fevereiro de 2025, de https://anprovin.com.br.

Correio do Estado. (2025). Vinhos de inverno do Sul de Minas Gerais são a nova Indicação de Procedência. Acesso em 26 de fevereiro de 2025, de https://correiodoestado.com.br.

Folha de S. Paulo. (2025). Vinhos do Sul de Minas ganham Indicação de Procedência. Acesso em 26 de fevereiro de 2025, de https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tinto-ou-branco.

Notícias Agrícolas. (2025). Expansão da vitivinicultura mineira e a nova Indicação Geográfica. Acesso em 26 de fevereiro de 2025, de https://www.noticiasagricolas.com.br.

Epamig. (2025). Dupla poda e o desenvolvimento da vitivinicultura em Minas Gerais. Acesso em 26 de fevereiro de 2025, de https://www.epamig.br.